“Mulheres da Ópera” é marcada por emoção entre pacientes da FCecon

“Foi um momento emocionante. Estava saindo do consultório médico e retornando para casa, quando me deparei com a ópera. O espetáculo chamou minha atenção e decidi assistir até o final”. A declaração foi dada pela paciente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Maria Salene Batista da Cunha, 56 anos, ao final do espetáculo “Mulheres da Ópera”.

A produção musical foi encenada na manhã da última sexta-feira (24/05), no ambulatório da FCecon, referência na região Norte no tratamento de câncer. Durante 40 minutos, pacientes, acompanhantes e funcionários puderam ouvir e se emocionar com as histórias de mulheres fortes e emblemáticas do mundo operístico.

Para Maria Salene, o momento foi único. “A apresentação alegrou-me o coração, dá vontade de continuar vivendo. É emocionante olhar para cada cantora e sentir a força e a determinação que cada personagem traz. Foge totalmente do comum na Fundação. Nunca entrei no Teatro Amazonas e nunca tinha assistido uma ópera”, confessou.

Maria Salene é paciente da FCecon há seis anos e faz o acompanhamento pós-tratamento terapêutico contra um câncer de mama. Ela brincou ao dizer que agora só falta tocar o “Sino Dourado” – que simboliza a alta do paciente – e aproveitou para fazer algumas fotos com as cantoras líricas.

Conforme o diretor-presidente da Fundação, mastologista Gérson Mourão, a apresentação da ópera foi um momento ímpar, no sentido de abrir espaço para a arte como forma de humanização do tratamento oncológico. Ele salientou que foi um espetáculo marcante, acolhido com emoção e carinho pelos funcionários e pacientes. “Pretendemos receber muitas outras apresentações artísticas dessa natureza”, salientou.

Emoção – A soprano do Coral do Amazonas, Mirian Abad, explicou que o espetáculo já foi apresentado no Centro Cultural Palácio Rio Negro, Shopping Ponta Negra e Fundação Bradesco. Contudo, para ela, a emoção de encenar a montagem na FCecon foi diferente. “Pudemos mostrar o que amamos e, ao mesmo tempo, proporcionar alegria. Estamos trazendo música e poesia. Com isso, contribuímos com quem está em tratamento. Estamos felizes em realizar a ópera aqui”, frisou.

Durante o espetáculo, Mirian Abad interpreta a personagem Mozeta, da ópera “La Bohème”, que canta indiretas para o ex-namorado sobre como é linda, desejada e sabe que ele ainda a ama. Ela explicou que a mensagem é de valorização da mulher.

Personagens – Todo o repertório do espetáculo traz personagens fortes, conforme Abad, como a Carmen, da obra de Bizet, que é uma mulher muito a frente de seu tempo e que não se dobrava a ninguém. No final, ela explicou, foi encenada a “Cavalgada das Valquírias”, da ópera “Die Walküre (A Valquíria)”. A obra de Richard Wagner narra a história de Brunhilde, filha do deus Wotan que, junto com suas irmãs donzelas guerreiras, tinha a missão de levar os mortos em batalha para a morada de seu pai.

“A mensagem aos pacientes é de serem fortes”, afirmou ela, reforçando que cantar na Fundação é totalmente diferente de se apresentar no Teatro Amazonas ou em espaços considerados salas de concerto. “O artista precisa ir aonde o público está”, finalizou.

“Mulheres da Ópera” – O espetáculo faz parte da programação do 22º Festival Amazonas de Ópera (FAO), que segue com apresentações de ópera, recitais e concertos até 30 de maio. O Festival é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), e conta com patrocínio master do Bradesco, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura.

Elenco – O espetáculo tem elenco formado pelas sopranos Carol Martins, Elane Monteiro, Mirian Abad e Raquel de Queiroz; e pelas mezzo-sopranos Kelly Fernandes e Yana Stravaganzzi, que contam com o acompanhamento do pianista Pedro Panilha. A concepção, o roteiro e a direção cênica são de Francis Madson; e a direção musical, do maestro Marcelo de Jesus.

Texto e fotos: Luís Mansueto / FCecon

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