Capacitação aborda temas relacionados às doenças pulmonares e tratamento destinado a fumantes

O primeiro dia da capacitação ‘ Abordagem intensiva do fumante’, realizada pelo Governo do Estado, através da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), trouxe à tona temas relacionados às doenças pulmonares, ações de tabagismo em Manaus, entre outros de suma importância para a compreensão do perfil e do universo do fumante. As informações são primordiais para a definição do tratamento adequado a cada indivíduo durante o tempo em que permanecer sob os cuidados das equipes multidisciplinares atuantes nos 14 ambulatórios da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), e que foram criados com esta finalidade.

Segundo a chefe do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer da FCecon e coordenadora de atenção oncológica do Estado, enfermeira Marília Muniz, cerca de 100 pessoas devem participar da atividade, que segue até esta sexta-feira (29), entre elas, representantes de nove municípios interessados em implantar nas localidades um modelo de ambulatório do fumante. São eles: Itacoatiara, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo – esses quatro situados na Região Metropolitana de Manaus (RMM) -, Parintins, Eirunepé, Borba, Apuí e Japurá, além de agentes da capital. A programação é alusiva ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado no próximo sábado (29).

O diretor-presidente da FCecon, pneumologista Edson de Oliveira Andrade, ressaltou que os males causados pelo tabagismo devem servir de alerta à população, já que o fumo é considerado um fator de risco para diversas enfermidades, entre elas, o câncer e as doenças cardiorrespiratórias. “Quase 100% das mortes por câncer de pulmão têm relação direta com o tabagismo. Além disso, este tipo de hábito aumenta as chances de se desenvolver tumores malignos de boca, laringe, faringe, esôfago e até de bexiga”, destacou.

Ele explica que o cigarro possui três grupos de substâncias: nicotina – que vicia e ocasiona problemas vasculares -, monóxido de carbono – que compete com o oxigênio causando sobrecarga ao coração – e os derivados do alcatrão, que são os causadores do câncer. “Vale ressaltar que o câncer de pulmão tem alta taxa de mortalidade, considerando que é uma doença silenciosa, de desenvolvimento lento, que quando apresenta os primeiros sinais, já pode estar na sua fase avançada”, destacou.

Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde (MS), só este ano, os cânceres de traqueia, brônquio, pulmão, esôfago e bexiga, devem registrar 360 novos casos juntos, 270 deles concentrados na capital, o equivalente a 75%.

Ambulatórios do fumante

O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), participou da habilitação dos 14 ambulatórios do fumante situados em Manaus, bem como, da capacitação dos profissionais que fazem parte do programa. Inicialmente, o modelo foi implantado na capital porque vivem em Manaus cerca de 50% da população do Estado.

Nesta quinta-feira, mais uma capacitação foi iniciada em parceria com a Semsa, desta vez, com o objetivo de levar o programa ao interior do Amazonas. Um dos palestrantes do dia, médico e coordenador do Ambulatório do Fumante em funcionamento no bairro Novo Israel, Zona Norte de Manaus, Djalma Pinheiro Coelho, destacou que a entrada no Programa de Combate ao Tabagismo deve se dar de forma espontânea e é preciso que o paciente queira parar de fumar. Por outro lado, cabe ao município a divulgação da oferta de tratamento, para que as pessoas saibam como procurar ajuda. “Estamos, atualmente, na terceira turma em tratamento no local. Todos os profissionais que lá atuam são capacitados para este tipo de abordagem. Nosso protocolo tem uma duração média de três meses”, explica.

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De acordo com ele, o período é dividido entre reuniões para tratar de temas variados, consultas e, posteriormente, acompanhamento. Dependendo do grau de dependência, pode ser necessário o uso de medicamentos, adesivos de nicotina e goma de mascar para reduzir a ansiedade. “Geralmente, os pacientes deixam de fumar já nas primeiras duas semanas de tratamento. Na nossa última turma, obtivemos 85% de sucesso no grupo”, destacou. O médico ressalta que, na maioria dos casos, os fumantes iniciaram o hábito entre 14 e 16 anos de idade, mas só buscam tratamento após cerca de 30 anos de consumo.