Criança de dois anos tem 70% do fígado extraído em cirurgia oncológica e se recupera bem

No dia em que completa dois anos de idade, a pequena Mayra Lima da Silva ganhou uma nova expectativa de vida. Ela foi submetida a um procedimento delicado para a extração de um hepatoblastoma, tumor considerado raro por especialistas, que resultou na retirada de 70% do fígado. O procedimento, realizado no último dia 18, foi bem-sucedido e a paciente, uma das mais jovens em tratamento na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), já recebeu alta médica.

De acordo com o diretor-presidente da FCecon, cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, a unidade, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), tem se destacado nacionalmente em publicações de renome no meio científico, com procedimentos ousados envolvendo equipes multidisciplinares, e que têm salvado vidas, “a exemplo do que foi indicado à paciente em questão”, ressaltou.

O especialista em tumores de fígado e membro da equipe de Cirurgia Oncológica Abdominal da instituição, cirurgião Sidney Chalub, explicou que a paciente de dois anos foi diagnosticada com câncer há seis meses e como os exames apontaram um tumor extenso, ela foi submetida, anteriormente, a sessões de quimioterapia, com o acompanhamento da oncopediatra da FCecon, dra. Miyuki Guemba. “Quando o tumor regrediu, optamos, após avaliação, pela cirurgia, que seria uma das poucas chances de vida da paciente, pois tratava-se de um tumor raro e bastante agressivo”, explicou Chalub, responsável pelo procediemento.

A retirada da maior parte do fígado ocorreu através de cirurgia de alta complexidade, que durou cerca de três horas e contou com a participação do cirurgião pediátrico Paulo Scócio, do Instituto da Criança do Amazonas (Icam), e da anestesista Andréa Scócio. Agora, a paciente será submetida à complementação terapêutica, com quimioterapia e acompanhamento de equipe com profissionais de diversas áreas.

Inicialmente, a família terá que tomar certos cuidados com a alimentação e as atividades diárias da paciente mas, como o fígado é um órgão com capacidade regenerativa, em seis meses ela poderá ter uma vida normal”, assegurou o cirurgião. De acordo com ele, esse tipo de tumor cancerígeno acomete, em média, uma criança a cada dois anos na FCecon.

Emocionada, a mãe da paciente, Maria Virgínia Ramos de Lima, 42, comemorou a saída da filha da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde ela precisou ficar por alguns dias para se recuperar, processo normalmente indicado a pacientes submetidos a cirurgias invasivas. A menina passou ainda por alguns dias de internação, com suporte do corpo clínico e equipe de enfermagem da unidade hospitalar.

O pai de Mayra Lima, Manuel da Silva e Silva, 40, explicou que ela passou por uma série de exames no Icam, unidade do Governo do Estado onde ela recebeu o diagnóstico de câncer de fígado. “Nós tocávamos na costela dela e sentíamos um volume. Fomos atrás do nosso plano de saúde para atendimento, mas tudo foi muito demorado e estávamos perdendo tempo. Então, fomos encaminhados ao Icam e de lá, à Fundação Cecon, onde fomos bem orientados pela doutora Miyuki sobre a doença da nossa filha e sobre a experiência do doutor Sidney na realização desse tipo de tratamento”, disse.

De acordo com o pai, a paciente passou por cinco ciclos de quimioterapia antes da cirurgia e hoje se recupera bem. “Ela já brinca, anda pela casa e tudo mais. Fomos muito bem tratados por todos no Cecon. Ele (Dr. Sidney) é um cara muito simples, além de ser um ótimo cirurgião. Todos da equipe contribuíram para o sucesso do tratamento da nossa filha. Tanto é que já estamos em casa, graça as Deus”, comemorou.

Hepatoblastoma

O cirurgião Sidney Chalub explica que o hepatoblastoma acomete, em geral, crianças menores de três anos e corresponde a 1% dos tumores malignos nessa faixa etária, com predomínio no sexo masculino e taxa de 0,5 a 1,5 caso a cada um milhão de crianças. A doença apresenta como quadro clínico inicial massa abdominal à direita do abdome. Outros sintomas como anorexia, perda de peso, anemia e dor abdominal também podem aparecer e são decorrentes da progressão da doença.

O tumor pode ser diagnosticado via exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética, que são fundamentais para a avaliação no pré-operatório e também auxiliam no estadiamento – dimensão do tumor. Ele destaca que a cirurgia, no caso desse tipo de tumor, é o tratamento mais indicado. Mas, há situações, como a da paciente Mayra Lima, que necessitam da utilização de protocolos quimioterápicos. Na minoria dos casos, há indicação de transplante de fígado.


Visão geral de privacidade

Utilizamos cookies para permitir uma melhor experiência em nosso website e para nos ajudar a compreender quais informações são mais úteis e relevantes para você. Por isso é importante que você concorde com a política de uso de cookies da FCECON - Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas. Você pode encontrar mais informações sobre quais cookies estamos utilizando em configurações.