Tratamento multimodal tem se mostrado eficiente no combate ao câncer de estômago

márcio stefani
O tratamento multimodal para o câncer gástrico na região Norte foi um dos destaques do terceiro dia do 4 Congresso Pan Amazônico de Oncologia. O evento, promovido pela Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), segue até este sábado, 25, no Hotel Intercity Manaus (Adrianópolis), com vasta programação científica.
Segundo projeção mais recente do Instituto Nacional do Câncer (INCA), subordinado ao Ministério da Saúde (MS), o Estado deve registrar 400 novos casos de câncer de estômago neste ano.  A doença é a terceira mais incidente entre os homens e a quarta entre as mulheres no Amazonas.
As modalidades cirúrgicas e de tratamentos associados para o combate à doença, mais comum no Amazonas entre pessoas com idade entre 20 e 50 anos, foram evidenciadas durante as discussões. Entre elas, está a quimioterapia perioperatória (neoadjuvante e adjuvante), aplicada antes e depois da cirurgia para a ressecção de tumores no estômago, conforme apontou a palestra do cirurgião oncológico Márcio Stefani, gerente do Serviço de Cirurgia da FCecon.
Stefani explicou que a modalidade perioperatória tem apresentado resultados significativos quando aplicada a pacientes oncológicos em tratamento especializado no Serviço. O alcance de cura, dependendo do estadiamento (extensão da doença), pode chegar a até 60%. “É uma perspectiva positiva para a nossa realidade, considerando que o câncer de estômago é bastante agressivo e, historicamente, tem sido considerado um dos mais letais entre os homens”, frisou.
Outro tipo de procedimento cirúrgico aplicado no tratamento de doença localizada, envolve a retirada de linfonodos durante a ressecção do tumor de estômago, aumentando a margem de segurança e reduzindo os riscos de recidivas.
Segundo o especialista, dados de pesquisas recentes, que avaliam a incidência do câncer gástrico no Ocidente, apontam que a doença é mais comum na população com idade acima 60 anos. Mas, na realidade regional, a faixa etária de risco é reduzida em função de inúmeros fatores, além do tabagismo e o alcoolismo.
“A alimentação na região acaba privilegiando, em alguns aspectos, o desenvolvimento desse tipo de neoplasia maligna. Alguns exemplos são o consumo de farinha mal armazenada e não torrada, que pode adquirir substâncias nocivas à saúde; a escama de peixe torrada na churrasqueira, por conta do contato direto com o carvão, que detém substâncias cancerosas, entre outros. Por outro lado, uma parte das frutas amazônicas auxiliam no bom funcionamento do sistema digestivo, tornando-se aliadas na prevenção ao câncer. Entre elas estão o tucumã e a pupunha, duas interessantes fontes de fibra”, argumentou.
Outro fator que tem influenciado no aparecimento do câncer de estômago em pessoas jovens é o hereditário. “Chegamos a tratar um adolescente de 14 anos com a doença. Quando hereditário, o câncer em mulheres, por exemplo, é mais agressivo. Ainda não há uma explicação científica, mas é o que tem mostrado nossa experiência regional”, frisou.
Além dele, participaram da discussão multidisciplinar do câncer de estômago os seguintes especialistas: Dr. Ênio Lúcio Coelho (diretor-técnico da FCecon), Dr. Carlos Henrique Teixeira (SP), Dr. Higino Felipe Figueiredo (FCecon), Dr. Rafael Horácio Brito (Hospital de Barretos de Rondônia)) e Dr Paulo Mendonça (FCecon).