Referência na Amazônia Ocidental, FCecon completa 40 anos e avança no tratamento do câncer no Amazonas

Com 40 anos completados em 2014, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SUSAM), conquistou avanços importantes nos últimos quatro anos, com a ampliação dos serviços e melhorias na assistência ao paciente. De 2010 a 2013, foram registrados mais de 3,5 milhões de procedimentos na unidade, entre ambulatoriais e hospitalares. Se somados aos oito primeiros meses de 2014, este número ultrapassa os 4,1 milhões, informou o diretor-presidente, pneumologista Edson de Oliveira Andrade. A FCecon é hospital de referência no diagnóstico e tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental.

Com 54 anos e, como ela mesma costuma dizer, mãe e pai de dois filhos, a assistente administrativa Juliethy Santos de Oliveira, 54, foi diagnosticada, há dois anos, com um câncer de mama em estágio avançado. Ela lembra que, ao receber a notícia, à época, sentiu-se receosa, mas com o apoio dos dois filhos, de 16 e 21 anos, enfrentou o tratamento de cabeça erguida, com a certeza de que venceria a doença. “No começo foi aquele impacto, mas depois, com fé em Deus, deu tudo certo”, relatou, dois meses após o final das sessões de radioterapia.

Assim como centenas de pessoas, Juliethy faz gratuitamente na FCecon o tratamento para combater a doença, que incluiu uma mastectomia radical total (retirada de uma das mamas), radioterapia e quimioterapia. “Não tenho palavras para falar do Cecon. Se não fosse o Cecon, eu não teria condições de fazer um tratamento desse porte na rede privada. Agora, estou feliz porque faço apenas acompanhamento”, afirmou.

Nos últimos quatro anos, a FCecon se consolidou como hospital de referência, registrando um aumento significativo no número de procedimentos, o que exigiu maior repasse de recursos por parte do Governo do Estado.

Enquanto em 2010, o hospital registrou 821 mil procedimentos, entre ambulatoriais e hospitalares, em 2013, este número subiu para 957 mil, aproximadamente. Em 2014, até agosto, já foram registrados 655,3 mil procedimentos/atendimentos.  Já o volume de recursos destinados à instituição passou de R$ 54,2 milhões, há quatro anos, para R$ 67,9 milhões, a maior parte, 77,9%, provenientes dos cofres estaduais, e o restante, fruto de convênios e de repasses do Governo Federal. Este ano, a expectativa é que os investimentos cheguem a R$ 80 milhões, dos quais R$ 17,8 milhões destinados, exclusivamente, a medicamentos e produtos de saúde.

O diretor-presidente do hospital, pneumologista Edson Andrade, destaca que os valores foram aplicados em melhorias na assistência, como o acréscimo de mais 50 leitos, a implantação de uma Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica (UTI), aumento no número de leitos na UTI para adultos, ampliação dos serviços de Quimioterapia e Radioterapia, com a criação do terceiro turno de funcionamento, e também das cirurgias, com a ativação de outras três salas do Centro Cirúrgico.

Ensino e pesquisa

Além disso, Andrade cita os avanços na área científica, como a realização de duas edições do Congresso Pan Amazônico de Oncologia (2011 e 2013), que reuniu centenas de profissionais da área e acadêmicos de diversos cursos da saúde, promovendo a atualização e a troca de experiências.
Ele também ressalta a implantação do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic-FCecon), coordenado pela Diretoria de Ensino e Pesquisa da instituição, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), e que hoje conta com 39 bolsistas que desenvolvem pesquisas na área oncológica.

Um deles, o acadêmico do nono ano de medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Artur Roberto Barbosa da Costa Filho, tomou gosto pela área científica ano passado e hoje participa pela segunda vez do Paic, dando continuidade à sua pesquisa, iniciada há pouco mais de um ano.“Para mim este programa é de extrema importância, pois a maioria das grandes instituições investe em pesquisa e o fato de o hospital desenvolver mecanismos que facilitem isso aos estudantes contribui também com nossa formação profissional”, destaca.

Sobre o Programa de Residência Médica, implantado na instituição e ampliado nos últimos anos, o diretor-presidente da FCecon, Edson Andrade, comentou: “Já contamos com cinco especializações, duas delas inéditas no Estado. A ampliação deste programa possibilita que nossos médicos recém-formados continuem exercendo a profissão no Amazonas, sem a necessidade de deixarem o Estado para especializarem-se”, ressalta. O programa inclui as seguintes residências: Cancerologia Clínica; Cancerologia Cirúrgica; Cirurgia de Cabeça e Pescoço;Radiologia e Diagnóstico por Imagem; e Mastologia. As duas últimas são inéditas no Estado.

Sala inteligente

Com a liberação de mais de R$ 3,7 milhões – a maior parte em março deste ano, fruto de um convênio entre a Fapeam, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sect) -, a FCecon montará a primeira Sala Inteligente Oncológica da região Norte do País. O espaço receberá equipamentos de ponta, que serão utilizadosna realização de cirurgias minimamente invasivas, em diversas áreas, entre elas ginecologia, uro-oncologia, neurologia, cirurgia torácica, ortopedia e enfermagem.

De acordo com Edson Andrade, o projeto, que tem como autor o urologista Cristiano Paiva, terá como uma das maiores beneficiadas a classe acadêmica, uma vez que os procedimentos realizados na Sala Inteligente poderão ser transmitidos via internet, em tempo real, a estudantes e médicos residentes, no auditório da instituição, e também para as universidades interessadas, a partir da Telemedicina.

“Os procedimentos realizados nesta sala, por serem considerados minimamente invasivos, as incisões tendem a ser bem menores que as realizadas nas cirurgias convencionais.O risco cirúrgico, consequentemente, também é reduzido, e o tempo de recuperação é mais rápido. É um investimento que fará toda a diferença na assistência oncológica”, destacou.

Texto: Ana Carolina Barbosa