Câncer está relacionado ao envelhecimento da população


A estimativa 2014, divulgada recentemente pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, aponta para uma leve redução no número de casos da doença no Amazonas. A previsão é que sejam registrados 4.830 novos diagnósticos no Estado, 130 a menos que a publicação anterior, lançada em 2012.

No ranking nacional, o Amazonas figura em 22º lugar em número de casos por taxa bruta de incidência, com 267,16 diagnósticos para cada 100 mil habitantes, a maioria (143,56), entre as mulheres. De acordo com o diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), pneumologista Edson de Oliveira Andrade, o número ainda é considerado alto e tem relação direta com o envelhecimento da população.

“O Brasil vive hoje um momento de transição epidemiológica, em que se tem resquícios de doenças infecto-contagiosas. Já passamos de países que tiveram aumento na taxa de sobrevida, o que elevou, também, os índices relacionados às doenças crônicas degenerativas, entre elas, o câncer”, explica o especialista.

De acordo com ele, o grande desafio neste momento é conscientizar a população acerca dos fatores de risco, alertando para a mudança de comportamento de vida, o que inclui, por exemplo, acabar com hábitos como o tabagismo, que está relacionado diretamente com vários tipos de neoplasias malignas, entre elas os tumores de garganta, pulmão e mama. Ele pede atenção, ainda, para o consumo excessivo de álcool e alimentos industrializados, este último tratado como principal causa das doenças do trato digestivo, entre elas o câncer de estômago e o de intestino.

Edson Andrade ressalta que, nos últimos anos, o avanço no número de casos foi acompanhado por mudanças nos protocolos de tratamento do câncer no Brasil e no mundo, permitindo que novas drogas, a exemplo do Trastuzumabe (Herceptin), utilizado no tratamento e controle do câncer de mama, fossem inseridas na lista de medicamentos padronizados pelo Ministério de Saúde. Com isso, a margem de segurança no tratamento aumentou significativamente.

“Também com base na literatura e comprovação da eficácia de outros medicamentos, aqui na FCecon, os profissionais têm optado por utilizar alguns quimioterápicos fora da lista de padronização, o que resulta na injeção de recursos exclusivos do Estado para esta finalidade”, ressaltou. Segundo o pneumologista, o medicamento Trastuzumabe, por exemplo, já era adquirido com recursos exclusivos do Governo do Estado, para pacientes da Fundação, mesmo antes da padronização, ocorrida em 2012.

Principais tipos de câncer

Ele lembra que, só em 2012, a FCecon registrou cerca de um milhão de procedimentos, entre ambulatoriais e hospitalares. Hoje, a instituição, que é considerada referência no tratamento do câncer na Amazônia Ocidental, atende pacientes de estados e países vizinhos. “Também por este motivo, a instituição tem se empenhado em ampliar suas ações de prevenção, principalmente no que diz respeito aos tipos mais incidentes de cânceres, que são o de pulmão e próstata entre os homens, e de colo uterino e mama entre as mulheres”, assegurou.

Ainda conforme a estimativa divulgada pelo Inca, devem ser registrados, em 2014, no Estado, 510 casos de câncer de próstata, mesmo número estimado para 2012. Já mama e colo uterino devem registrar aumento este ano. O primeiro, cuja estimativa de dois anos atrás apontava para 340 casos, deve registrar, este ano, 390.

O segundo passará de 600 para 630. No quesito taxa bruta de incidência, o câncer de colo uterino, que continua sendo o de maior incidência entre as mulheres amazonenses, deve apresentar 35,13 casos para cada cem mil mulheres e o de mama, 21,75. Na publicação anterior eles apresentavam 19,39 e 34,15, respectivamente.

No caso dos homens, o câncer de próstata, embora o número total de casos, 510, tenha sido mantido, apresentou uma alteração na taxa bruta de incidência, decorrente do aumento da população masculina no Estado. Em 2012, estimava-se 28,70 casos para cada cem mil homens no Amazonas e, em 2014, o número caiu para 27,94 para a mesma proporção.

Publicado em: 14/02/2014.