Audiência Sobre Hpv Serve de Alerta Para a Importância da Prevenção ao Câncer de Colo Uterino

Profissionais da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) participaram, na manhã desta sexta-feira (30/03), da audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), para debater as vantagens da utilização da vacina contra o HPV na prevenção ao câncer de colo uterino. O vírus é responsável por aproximadamente 90% dos casos da doença registrados no País, segundo pesquisas recentes.

Na ocasião, a ginecologista e oncologista Grasiela Leite falou sobre os fatores que resultam na aquisição do vírus e, em algumas ocasiões, levam ao câncer. Na primeira situação ela citou como exemplo o comportamento de risco (sexo sem preservativo). Na segunda, a realização do exame preventivo, também conhecido como Papanicolau, da maneira errada. Ela chamou a atenção para a necessidade de se manter a qualidade nas várias etapas do exame, que vai desde a coleta do material até a leitura da lâmina e interpretação por um profissional capacitado.

Grasiela Leite também alertou para o aumento do número de mulheres jovens que vêm apresentando lesões precursoras do câncer, adquiridas, por sua vez, a partir da transmissão do HPV. De acordo com ela, tem se tornado cada vez mais comum esse tipo de caso entre as mulheres de faixa-etária inferior a 30 anos. Já no caso do câncer de colo uterino, a doença vem atingindo mulheres ainda mais novas.

Ela também lembra que o HPV está ligado a vários tipos de câncer, entre eles o de pênis, língua, anus, entre outros. “São mais de 150 tipos de vírus do HPV”, frisou. Sobre a vacina, ela citou alguns exemplos, como a quadrivalente, a qual protege a mulher de pelo menos quatro tipos de vírus, e a bivalente, que evita a transmissão de outros dois tipos diretamente. As vacinas disponíveis no mercado são recomendadas para mulheres com idade entre 9 e 45 anos.

O diretor-técnico da FCecon, Ademar Augusto, também se fez presente durante o evento e explicou que a eficácia da vacina é de até 90% em situações em que a mulher nunca teve contato com o vírus, mas cai para 50% quando já houve o primeiro contato. Ele acrescentou que muitas pessoas têm ou já tiveram o vírus do HPV. Contudo, há ocasiões em que o próprio organismo o elimina. Em outras, ele permanece no organismo e depende de vários fatores para se manifestar, entre eles, a queda da imunidade do indivíduo.

A ginecologista Grasiela Leite completou que, ao se manifestar, o HPV não tem cura. Porém, suas lesões são tratáveis. O tratamento é feito a partir da utilização de pomadas e ácidos específicos. Já em casos de condiloma, as famosas verrugas as quais acometem tanto homens quanto mulheres, o tratamento adequado é a cauterização. E, se diagnosticado o câncer, a indicação, dependendo da evolução da lesão, passa pela quimioterapia, radioterapia e cirurgia.

Para evitar tal quadro, o diretor-técnico da FCecon, Ademar Augusto, alertou para a necessidade de investir na prevenção, com ações efetivas de rastreamento e orientação e concluiu parabenizando a iniciativa do autor da propositura na Aleam, deputado estadual Luiz Castro (PPS).

O parlamentar, por sua vez, aproveitou a ocasião para propor a criação de uma comissão que fomente os debates acerca do tema, de modo a analisar, junto às autoridades competentes, a possibilidade de disponibilizar a vacina na rede pública de saúde.

Publicado em: 30/03/2012