Amazonas registra mais de 60 mil exames preventivos e mamografias em quatro meses


Dados da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), apontam que nos primeiros quatro meses deste ano foram registrados, na rede pública de saúde do Amazonas e laboratórios conveniados ao SUS, 66,3 mil exames de mamografia e Papanicolau, o equivalente a 31% dos 213 mil realizados ano passado.

Os procedimentos são utilizados para prevenir ou detectar de forma precoce os cânceres de colo uterino e de mama, os dois tipos mais frequentes da doença entre as mulheres no Estado. Conforme informações do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer (Dpcc-FCecon), o número de mamografias realizadas em 2013 já chega a 15,4 mil, 30,6% das 50,2 mil registradas em todo o ano de 2012.

Já os preventivos, os quais podem detectar o vírus do HPV (Human Papillomavirus), responsável por mais de 90% dos casos de câncer de colo uterino, já chegam a 50,9 mil este ano, 31,3% dos 162,7 mil feitos no ano passado. A partir deste exame específico pode-se evitar o aparecimento do câncer de colo de útero, uma vez que as lesões precursoras podem ser tratadas antes que cheguem à doença.

O diretor-presidente da FCecon, Edson de Oliveira Andrade, destaca a importância da realização dos dois exames. “O câncer de colo uterino é o único 100% prevenível. Basta fazer o Papnicolau a cada três anos – no caso das mulheres que nunca apresentaram alterações em exames anteriores. A partir dele é possível detectar o HPV e tratá-lo antes que ele leve ao desenvolvimento do câncer”, explicou.

“Já a mamografia, indicada para mulheres com idade a partir dos 40 anos, pode detectar nódulos e levar à identificação precoce do câncer de mama, proporcionando um tratamento ainda na fase inicial da doença e evitando, em parte dos casos, a mastectomia radical total, ou seja, a retirada total da mama”, completou.

De acordo com a chefe do DPCC, enfermeira Marília Muniz, um cronograma de treinamentos está sendo desenvolvido pelo setor, este ano, para a coleta dos exames preventivos e realização dos exames clínicos da mama.

Prevenção e eficácia

O ginecologista e mastologista da FCecon, Gerson Mourão, explica que, no caso do Papanicolau, o exame continua com o Padrão Ouro de eficácia no que diz respeito ao diagnóstico precoce, o qual já existe há mais de 60 anos. Ele destaca, ainda, que no caso do câncer de colo uterino, outra arma contra a doença é a vacina contra o HPV, vírus que causa a doença. Ela será fornecida a partir de julho na rede pública estadual, abrangendo meninas com idade entre 11 e 13 anos.

“Algo que podemos observar é que, apesar do número de diagnósticos precoces, estamos descobrindo mais doenças pré-invasoras, que são as denominadas lesões de alto grau. Essas têm mais chances de desenvolver um câncer. Por isso, descobrindo inicialmente a doença, consequentemente conseguiremos reduzir o número de mortes relacionadas”, explicou o especialista.

Ele ressalta, ainda, que a realização freqüente do Papanicolau tem propiciado também cirurgias mais conservadoras, se comparadas às feitas há 60 anos. Na prática, as cirurgias são mais simples e preservam o útero, o que possibilita, por exemplo, que a mulher possa engravidar no futuro.

“No caso da mama, saímos de um período, da década de 60, no qual os recursos utilizados eram basicamente o exame das mamas que descobria tumores em fase avançada. Da década de 80 em diante, as mulheres, examinando suas mamas, por meio do auto-exame, conseguiram detectar mais de 80% desses tumores, preservando as mamas e prolongando suas vidas”, disse. Atualmente, conforme Mourão, o único exame que reduz o número de mortes entre mulheres com câncer de mama em até 30% é a mamografia.

“Exame este que poucas mulheres no País tinham acesso até entrar em vigor a legislação que determina que toda mulher com mais de 40 anos tem direito a passar pelo exame na rede pública anualmente. Com isso, a expectativa é que nos próximos dez anos haja uma mudança radical no perfil das pacientes, detectando a doença mais precocemente e reduzindo o número de mortes”, concluiu.

Publicado em: 10/06/2013.