Na FCecon, 91 mulheres se dedicam à pesquisa científica

Pesquisadores DEPA Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) conta atualmente com 91 mulheres cadastradas no Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), que se dedicam à pesquisa científica. Todavia, segundo a pesquisadora da unidade hospitalar, Lia Mizobe, por muito tempo a ciência era quase que exclusiva do sexo masculino.

Doutora em Clínica Odontológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP) e coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/FCecon), Mizobe destaca que datas como o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado na última terça-feira (11/02), têm contribuído para incentivar o acesso e a participação dessas mulheres e meninas que desejam iniciar a carreira científica.

O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência foi aprovado pela Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de dezembro de 2015, para promover o acesso integral e igualitário de mulheres e meninas na ciência. As ações são lideradas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela ONU Mulheres, em colaboração com instituições e parceiros da sociedade civil.

Participação das mulheres – Hoje as mulheres têm ocupado postos importantes e de destaque na área científica, pontua Mizobe, Lia Mizobeassinalando que na FCecon há mulheres doutoras, mestras e estudantes de iniciação científica, além de mulheres ocupando cargos de direção. “Há números que demonstram o crescimento da participação feminina. No Brasil, 72% dos artigos científicos são assinados pelas mulheres, seja como coautora ou autora principal, conforme a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI)”, ressalta.

Mizobe aponta que a direção do DEP é ocupada por uma mulher – Kátia Luz Torres, que é doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). E observa que pela primeira vez na FCecon foi ofertado, por meio de concurso público, o cargo de pesquisador, sendo que quatro mulheres foram aprovadas para exercerem, exclusivamente, atividades relacionadas à pesquisa e ao ensino.

Desafios – Os desafios da pesquisa na unidade hospitalar, segundo Mizobe, envolvem a aquisição de mais verbas para compra de material de laboratório e de alguns equipamentos. Ela lembra também que a publicação dos resultados das pesquisas científicas e, assim, implantar melhores protocolos de atendimentos aos pacientes tem sido um estímulo.

Mayse MonteiroMulheres na ciência – Mayse de Jesus Nascimento Monteiro, de 52 anos, é uma das 91 mulheres na FCecon que divide parte de seu tempo entre a assistência à saúde e a pesquisa científica. Enfermeira formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com especialização em Saúde Pública e em Epidemiologia, há nove anos trabalha na unidade hospitalar. Ela conta que já trabalhou como gerente do Ambulatório (2013 a 2016) e atualmente atua no 8º andar do hospital.

De acordo com Monteiro, o mundo acadêmico e científico foi lhe apresentado por outra mulher: sua mãe, que foi professora e diretora de escola pública quando o Estado de Tocantins ainda era território. “Sempre tive o sonho de enveredar por esse caminho e, graças ao exemplo, atualmente faço mestrado em Ciências Aplicadas em Dermatologia. Trata-se de uma parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Fundação Alfredo da Matta (Fuam)”, comemora.

Com o título “Avaliação de Contatos de Hanseníase examinados na Fundação Alfredo da Matta no período da Coorte de 2015 a 2017, o projeto visa avaliar se a parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) melhorou os exames dos contatos de hanseníase, tendo como base os protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde (MS).

Começo – Quando iniciou a graduação em 1985, lamenta Monteiro, não havia tanto incentivo à pesquisa científica, diferentemente de hoje. Segundo ela, atualmente há, por exemplo, o Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic/FCecon) voltado à inserção de jovens na ciência.

“São apresentados trabalhos promissores e com rigor científico, como na área de odontologia com a aplicação de laser na diminuição de inflamações na mucosa da boca”, parabeniza.

Liberdade – Segundo a enfermeira, há liberdade para realizar pesquisa científica na unidade hospitalar, e os resultados de muitos dos trabalhos são voltados a melhorar a assistência à saúde do paciente. “Há o diálogo entre a pesquisa científica e os serviços ofertados à população”, frisa.

 

Texto: Luís Mansueto/FCecon

Fotos: Rhyvia Araújo/Estagiária FCecon