Primeira microcirurgia de palato é realizada no FCecon com sucesso

No último dia 5 (sábado), o cirurgião plástico e microcirurgião da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), Gustavo Cabrera, realizou a primeira microcirurgia para a reconstrução de palato (céu da boca) do Estado. O procedimento teve duração de oito horas e a paciente, uma menina de oito anos, passa bem e deve ter alta até o próximo domingo (13), segundo o especialista. A idéia é que sejam realizadas cerca de 10 cirurgias ao ano deste tipo. Até junho de 2011, estão programados outros três procedimentos cirúrgicos no FCecon, informou Cabrera.

De acordo com ele, incidência no Amazonas é superior à brasileira, em razão de fatores consangüíneos. A média no Estado é de um caso para cada 600 nascidos, conforme dados do Centrinho da fundação. A causa do problema também pode ser congênita (adquirido pelo bebê durante a gestação) ou de avitaminose (deficiência de vitaminas).

Ele explicou que, durante a cirurgia, retirou tecido do braço direito da paciente e implantou no céu da boca. A menina de apenas oito anos tinha fenda palatina, o que ocasionava dificuldades no deglutir e na fala. Após a cirurgia, o tempo de recuperação é de cinco a sete dias. Em seguida, ela continuará com o tratamento na fonoaudióloga e terá alguns cuidados na alimentação para ajudar na cicatrização, ressaltou.

A técnica de microcirurgia é complexa e, antes de ser realizada no Amazonas, os pacientes eram encaminhados a Bauru (SP), ou para a capital paulista, onde existe centro especializado no procedimento. Por isso, a idéia, segundo o especialista, é resolver os problemas dessa natureza aqui no Estado, evitando o deslocamento dos pacientes. O principal objetivo, lembra Cabrera, é a melhoria da qualidade de vida dos portadores de fenda palatina (perfuração no palato, onde é possível observar o septo nasal). A ideia é sempre essa: possibilitar que a criança tenha uma formação adequada, melhoria da deglutição, fonação e, consequentemente, da qualidade de vida. Cabrera destacou, ainda, que os casos atendidos no FCecon não são apenas do Amazonas, mas também dos estados do Pará e Roraima.

Para o pai da paciente, o motorista Getúlio Barreto, a maior expectativa é que a filha possa ter uma vida normal após a recuperação. Antes da cirurgia ela começava a se engasgar ou colocar o alimento pelo nariz na hora de comer e isso dificultava muito a alimentação, contou. Ele acredita que a mudança após o procedimento cirúrgico ajudará no desenvolvimento escolar da criança e evitará que a filha continue passando por situações de preconceito na escola.