A gravidez após o câncer de mama entra em pauta na ‘Quarta Científica’ da FCecon

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Apesar de ser mais comum em mulheres com idade acima de 50 anos, o câncer de mama também afeta uma parcela jovem da população feminina, que ainda está em idade reprodutiva, explicou a mastologista da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Dra. Hilka Espírito Santo. Para orientar os profissionais da saúde sobre com proceder junto a pacientes que manifestem o desejo de ser mãe, a ‘Quarta Científica’, promovida pela Fundação, no próximo dia 18, terá o seguinte tema: “Gravidez após o câncer de mama”. O evento é gratuito e acontece às 19h, no auditório da instituição, no Dom Pedro. As vagas são limitadas e podem ser feitas na Diretoria de Ensino e Pesquisa do hospital.

A mastologista Hilka Espírito Santo será a palestrante da vez. Ela destaca que a viabilidade da gravidez dependerá de vários critérios, como estabilidade clínica da paciente, ter concluído o tratamento de combate à doença, entre outros. “Também indicamos que a gravidez ocorra pelo menos dois anos após o tratamento, seja ele quimioterápico, radioterápico ou cirúrgico. Lembramos que o câncer de mama requer um acompanhamento multidisciplinar de dez anos. É o que chamamos de seguimento, para garantir que a paciente seja submetida, nos intervalos corretos, aos exames indicados para saber se ela teve recidiva de doença ou se está saudável, sem a necessidade de novas intervenções”, explicou.

De acordo com ela, estudos recentes apontam que a gravidez tem ajudado no prognóstico de mulheres que enfrentam o câncer de mama, por conta do fator psicológico. “No caso de pacientes jovens, que foram diagnosticadas com a doença em estágio inicial e receberam o tratamento adequado, não há contraindicação. A gravidez não piora o prognóstico das pacientes. Pelo contrário: melhora, pois tem um impacto positivo na vida delas. Acreditamos que isso ocorra por conta do psicológico e do lado emocional, que acabam sendo mais trabalhados”.

A médica alerta, porém, que em caso de uma eventual gravidez, uma parcela das pacientes que faz uso de determinados quimioterápicos, possivelmente precisará interrompê-los temporariamente. Mas isso só ocorrerá mediante indicação médica e após uma avaliação criteriosa.

Psicológico

A gerente do Serviço de Psicologia da FCecon, Maria Graciete Ribeiro Carneiro, explica que, mesmo após o tratamento e a alta oncológica, uma parte das mulheres ainda têm medo que a doença retorne. “Os psicólogos do setor explicam a elas durante a terapia, que é preciso focar na vida, se cuidar, realizar todo o tratamento… O nosso trabalho é apresentar evidências de que o câncer tem cura e mudar a impressão que elas têm sobre a doença. Trabalhamos com a motivação e orientações psicoeducativas para dar informações que lhes ajudem a organizar a vida e a mudar distorções existentes. Trata-se de um momento de mudança em que a mulher precisa rever conceitos”, salientou a psicóloga.

Durante todo o tratamento, a FCecon oferece o serviço de atendimento psicológico ao paciente oncológico e aos familiares que buscam auxílio na unidade hospitalar.

Prevenção

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca),subordinado ao Ministério da Saúde (MS), apontam que o Amazonas registrará cerca de 420 novos casos de câncer de mama este ano.  

A doença é considerada silenciosa e de desenvolvimento lenta. Por isso, a mastologista Hilka Espírito Santo reforça a necessidade da realização dos exames de rastreio, com atenção para as faixas etárias indicadas pela Sociedade Brasileira de Mastologia.

Além do autoexame, que pode ajudar a detectar tumores em fases intermediárias, além de outras alterações na mama, a mamografia continua sendo o método mais eficaz de apoio ao diagnóstico do câncer de mama. Ela é indicada a mulheres com 40 anos ou mais, e deve ser feita anualmente. Para mulheres com menos de 35 anos, é indicada a ultrassonografia mamária.

Exceto em casos de histórico na família. Por conta do fator hereditário, para essas mulheres, a mamografia deve ser iniciada mais cedo, facilitando o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo o câncer é descoberto, maiores são as chances de cura!”, frisou. Reconhecida como método de rastreio eficaz do câncer de mama, a mamografia diminui em até 40% as mortes pela doença em mulheres que fazem a prevenção anual regular.