Cerca de 30% dos cânceres esporádicos podem ser evitados com hábitos saudáveis

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Mais de 70% dos cânceres são considerados esporádicos, ou seja, aqueles que se desenvolvem por influência de fatores externos. Desse universo, pelo menos um terço poderia ser evitado com a adoção de hábitos de vida saudáveis, a realização de exames periódicos indicados por faixa etária e, em primeiro lugar, com conscientização e informação de qualidade. A afirmação é da oncologista Gilmara Resende, gerente do Serviço de Oncologia Clínica da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam).

 

No último dia 8, comemorou-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer e, aproveitando a deixa, a especialista lançou o alerta: não fumar, não ingerir álcool em excesso, praticar regularmente exercícios físicos e manter uma alimentação saudável (rica em fibras, vegetais e com pouca ingestão de carne vermelha), são recomendações que fazem parte da fórmula para evitar problemas futuros de saúde e afastar as possibilidade de se desenvolver diversos tipos de câncer.

 

Segundo a especialista, a informação deve ocorrer desde a infância, com a educação começando em casa, e envolvendo toda a família no processo. Ela explica que, nos últimos anos, o processo informativo foi intensificado, abrangendo, inclusive, adolescentes em fase escolar.

 

“Além do que já orientamos habitualmente, também reforçamos que, no caso do câncer de colo uterino, o mais incidente entre as amazonenses, já temos mais uma importante ferramente disponível: a vacina contra o HPV (Papiloma Vírus Humano), o vírus causador das lesões que levam à doença, quando não são tratadas a tempo. Um importante passo, foi a disponibilização da vacina na rede pública de saúde, medida que vai impactar positivamente no futuro”, destacou.

 

Ela também lembrou da importância do exame preventivo. “Mulheres que já deram início à vida sexual, uma dica: não deixem de fazer, anualmente, o exame preventivo, também conhecido como Papanicolau. Ele pode detectar alterações ocasionadas pelo HPV, que podem ser tratadas, antes de evoluírem para câncer”.

 

De acordo com a médica, além do câncer de colo uterino, há outros tipos da doença que podem ser evitados, a exemplo das neoplasias malignas de pulmão, ocasionadas, em sua maioria, pelo tabagismo; as de colorretal, que têm relação direta com a má alimentação; alguns tumores de cabeça e pescoço, que também tem ligação direta com o cigarro e com o alcoolismo; as de pele, que tem uma parte significativa relacionada à exposição solar excessiva; entre outras.

 

No caso das neoplasias de próstata, as mais incidentes entre os homens no Estado, a oncologista ressalta que, apesar de a doença ter relação direta com o envelhecimento da população masculina, alguns fatores aumentam substancialmente a incidência. São eles: obesidade, dieta rica em gordura e carne animal, e ser da raça negra.

 

O câncer de mama, que está em segundo no ranking amazonense em número de diagnósticos, também tem fatores considerados desconhecidos. Contudo, há estudos que comprovam a influência de fatores como o tabagismo e a obesidade no desenvolvimento de certos tipos específicos de tumores de mama.

 

“Para as mulheres, a principal orientação é que sejam submetidas, a partir dos 40 anos, a uma mamografia anual, pois, apesar de não ser uma doença 100% prevenível, o câncer de mama pode ser diagnosticado precocemente, o que aumenta as chances de cura em até 90%. A mesma lógica vale para o diagnóstico dos demais tipos de neoplasias malignas”, assegurou.

 

 

Hereditariedade

 

 

“Ah! E meu risco genético? Meus pais tiveram câncer. Tenho alguma chance de desenvolver a doença?”, simulou a especialista após um diálogo com um paciente. De acordo com Gilmara Resende, uma parte pequena dos cânceres está relacionada ao fator hereditário, aquele cuja característica genética é transferida de pais para filhos.

 

 

Tratamento

 

 

O tratamento envolve equipe multidisciplinar, com especialistas em diversas áreas da saúde. Além de cirurgia, o tratamento indicado pode ser radioterápico ou quimioterápico. Há casos em que a terapia é associada, envolvendo duas ou mais modalidades de tratamento. “No caso da oncologia clínica, trabalhamos com quimioterapia,  hormonioterapia e imunoterapia. Os tratamentos mudam de acordo com o estadiamento e o local primário da doença, aquele onde ela teve início”, frisou Resende.

 

Para ela, o importante é sempre procurar um especialista ao notar algo anormal no corpo ou em sua rotina. “Lembramos que o câncer, em fase inicial, é assintomático. Por isso, os check-ups anuais são de extrema importância no processo de diagnóstico de qualquer patologia”, concluiu.