Câncer de Boca: como evitar?

Quando falamos de câncer de boca, dentistas e oncologistas se juntam para uma mesma orientação aos seus pacientes: manter uma boa higiene oral, cuidar da alimentação e evitar o consumo de cigarros e bebidas. Apesar de simples e bastante clara, muitos negligenciam essas regras e se expõem à doença.

A denominação “”câncer de boca”” inclui qualquer neoplasia maligna localizada no lábio, na cavidade oral e/ou na orofaringe (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral, soalho da boca, úvula, palato mole e base da língua). Dessa maneira, o seu estudo compreende as diferentes estruturas anatômicas, uma vez que todos eles apresentam os mesmos fatores de risco e podem ser prevenidos da mesma forma.

No Brasil, o câncer bucal é o quinto em incidência no sexo masculino e o sétimo no sexo feminino. Dados do Inca (Instituto Nacional de Oncologia) chamam a atenção para a demora na detecção da doença: 83% dos casos são diagnosticados com grandes dificuldades para tratamento.

A incidência maior no sexo masculino se deve ao fato que os homens se expõem mais aos fatores de risco já citados (cigarro e bebidas), e também demoram mais a procurar um médico do que as mulheres. Na Fundação Cecon, os dados comprovam essa tese: no ano passado, foram diagnosticados 10 casos novos em homens (2,4% do total de novas neoplasias), enquanto nas mulheres foram apenas 3 casos (0,4% do total).

Fatores de risco

Os maiores vilões nessa história ainda são cigarro e bebida, mas a falta de higiene e até mesmo o uso de próteses contribuem para o desenvolvimento da doença, como explica a cirurgiã-dentista Perla Assayag, da FCECON: “”Antigamente eram comuns as dentaduras que cobriam todo o céu da boca e tinham uma câmara de vácuo, e essa câmara, ao fazer a sucção que prendia a prótese ao céu da boca, causava uma hiperplasia, que aliada a outros fatores cancerígenos se transformava em maligna.””

De acordo com a cirurgiã, qualquer ferimento na boca se torna uma grande porta de entrada para infecções. Quando esse ferimento não cicatriza pode se tornar um co-fator do desenvolvimento do câncer da boca, por favorecer a ação de outros carcinógenos, particularmente, o tabaco e o álcool.

Se todos devem dar atenção a possíveis lesões na cavidade oral, o chamado grupo de risco deve estar atento em dobro. Desse grupo, fazem parte os homens com idade superior a 40 anos, tabagistas crônicos, etilistas crônicos, que utilizam próteses ou que sofram de outra irritação crônica da mucosa bucal.

Outros fatores também influenciam de maneira geral no desenvolvimento de tumores na cavidade oral, como a má alimentação e a predisposição genética. De qualquer forma, Assayag destaca a importância do auto-exame oral e da visita constante a um profissional qualificado: “”Se a pessoa notar uma lesão na cavidade oral, seja ela uma afta, uma bolha, uma mancha, que não desaparece no período de 7 a 10 dias, ela deve procurar um profissional da área da saúde, especificamente um cirurgião-dentista””.